quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Usos e Abusos nos Monumentos de BH

Artigo de Myriam Bahia Lopes

Obras de impacto em Belo Horizonte com nova configuração na malha urbana e nos serviços disponíveis vêm produzindo demolições endossadas pelo governo estadual e municipal em edificação tombada pelo IEPHA – Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico. Entre elas destacamos a Linha verde e o Circuito Cultural Praça da Liberdade em Belo Horizonte que são o carro-chefe do “choque de gestão” na capital do Estado. No entanto, na Praça da Liberdade as obras no prédio da Secretaria de Finanças foram embargadas em ação promovida pelo Ministério Público, a Secretaria de Cultura do Estado recorreu na Justiça e perdeu.

A centenária Praça da Liberdade ganhou ao longo de sua vida novas edificações entre as quais algumas tombadas pelo IEPHA outras protegidas na lista do Conselho Municipal de Patrimônio. Ela é um dos raros espaços públicos na cidade no qual o medo e a insegurança não se instalam, nem conseguem afastar freqüentadores diurnos e noturnos sobressaltados com os efeitos de centenas de anos de segregação social no Brasil. A despeito da diversidade de estilos ao longo de sua história a Praça manteve uma harmonia volumétrica em seu lado direito. Mas o valor histórico desse importante espaço público belo-horizontino encontra-se ameaçado pelo Circuito Cultural Praça da Liberdade sobretudo pelos projetos para a sede da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais a ser implantado na Secretaria de Fazenda e o projeto de autoria do arquiteto Paulo Mendes da Rocha a ser implantado na Secretaria de Educação.

As afirmações revelam a representação do poder que disputa a monumentalidade do espaço com o passado, negando a história, pois a edificação tombada deve ser olhada como testemunho de um passado que não existe mais e que nos permite a rememoração. O tombamento é a cristalização do reconhecimento social do valor da edificação e esse valor é fruto de uma unidade que deve ser preservada ao longo do tempo.

Interessante ressaltar que a equipe responsável pelo Circuito Cultural congrega profissional que foi responsável por revitalizar o jardim da Praça da Liberdade após o inadequado uso da Feira hippie e o processo de degradação do monumento que ela provocou. Como defender no presente uso que trará a circulação do público pelo jardim em uma escala incompatível com a definição e o uso do jardim histórico?

Artigo na integra:

http://www.vitruvius.com.br/minhacidade/mc173/mc173.asp

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